terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Brasil está estagnado há dez anos no nível básico de leitura e compreensão de textos, aponta Pisa 2018

Avaliação internacional de estudantes aponta que, embora os dados indiquem uma leve melhora em 20 anos, na última década o desempenho dos estudantes do país não avançou.
Por Elida Oliveira e Ana Carolina Moreno, G1
03/12/2019 05h01  Atualizado há 5 horas
Educação brasileira praticamente não avançou na última década, aponta Pisa 2018
As habilidades de leitura e compreensão de texto seguem estagnadas na última década no Brasil, de acordo com os mais recentes dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes 2018 (Pisa, na sigla em inglês), divulgado nesta terça-feira (3).
Embora numericamente os dados indiquem uma leve melhora em toda a série histórica, que começa nos anos 2000, a avaliação do relatório é que pouco mudou nos últimos dez anos.
Em 2000, a pontuação do Brasil nas habilidades de leitura era de 396 pontos. Em 2009, chegou a 412. Quase dez anos depois, em 2018, a pontuação foi de 413. As notas dos demais países variam de 340 a 555, na média, sendo que 400 pontos indicaria um nível básico de compreensão.
      Confira outros resultados do Pisa:
       *O Brasil caiu no ranking mundial de educação em matemática e ciências
       *Em leitura, os dados do Brasil apresentam estagnação nos últimos dez anos 
             *Entre os países da América Latina, o Chile teve o melhor desempenho e a República   Dominicana teve o pior desempenho
            *Entre os países da América do Sul, a Argentina tem o pior resultado

Mapa ilustra as médias em leitura pelo mundo, segundo o Pisa 2018 – Arte/G1
Os dados do Brasil também apontam que os níveis de proficiência no país estão baixos. Em 2018, 50,1% dos estudantes estavam abaixo do nível 2, em uma escala que vai de 1 a 6. Somente 2% dos participantes tiveram as melhores avaliações, de 5 a 6.
O teste é feito a cada três anos e avalia três áreas de conhecimento: leitura, matemática e ciências. As questões são de múltiplas escolhas e discursivas. A cada edição, uma das áreas de conhecimento é analisada em maior profundidade. Na edição de 2018, o foco é a leitura.
Pisa 2018, análise de leitura:
·         *Brasil está abaixo da média da OCDE em leitura : a média nacional é de 413 pontos, e a da OCDE é de 487
·        * 50% dos estudantes do Brasil conseguiram atingir ao menos o nível 2 de proficiência em leitura (a escala que vai de 1 a 6). A média da OCDE é 77%. Neste nível, os estudantes sabem identificar a ideia geral de um texto de tamanho moderado, encontram informações explícitas, e refletem sobre a forma e finalidade daquele material
·         *2% dos estudantes brasileiros atingiram o nível 5 e 6 de proficiência em leitura. A média da OCDE é de 9%. São estudantes que compreendem textos longos, sabem lidar com conceitos abstratos e contra-intuitivos, e diferenciam fato de opinião
·        *Meninas têm melhor desempenho em leitura: a avaliação das estudantes foi 26 pontos maior que a dos colegas masculinos, em média, no Brasil. Nos países da OCDE, a diferença é de 29 pontos.
A prova é coordenada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e foi aplicada a mais de 600 mil estudantes de 15 anos em 79 países ou regiões diferentes. No Brasil, quem coordena a aplicação do Pisa é o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Entenda o que é o Pisa, a avaliação mundial de educação
Leitura no mundo digital
O relatório da OCDE aponta que, no mundo digital, a relação com a leitura é constante. "Os estudantes de 15 anos que prestaram a prova cresceram em um ambiente com rápido avanço tecnológico e dependência de dispositivos digitais", afirma o documento. É neste cenário que a leitura se apresenta, seja em conversas com colegas pelas redes sociais, seja por meio de pesquisas na internet.
Confira abaixo os principais pontos:
·    * 89,8% dos estudantes disseram participar de chats de conversas online
·    83,3% declararam fazer pesquisas online sobre temas específicos
·  *75,5% leem notícias online, enquanto o jornal impresso foi leitura de 17,9% dos       participantes
·    * 47% dos jovens brasileiros disseram que a leitura é um dos hobbies favoritos
·    24,3% dos estudantes brasileiros dizem que só leem por obrigação
 Como é feito o Pisa?
·   *O Pisa é uma avaliação mundial feita em dezenas de países, com provas de leitura, matemática e ciência, além de educação financeira e um questionário com estudantes, professores, diretores e escolas e pais;
·    *O resultado é divulgado a cada três anos – a edição mais recente foi aplicada em 2018 com uma amostra de 600 mil estudantes de 15 anos de 80 países diferentes. Juntos, eles representam cerca de 32 milhões de pessoas nessa idade;
·    *No Brasil, 10.691 alunos de 638 escolas fizeram a prova em 2018. São 2.036.861 de estudantes, o que representa 65% da população brasileira que tinha 15 anos na data do exame;
·     *O mínimo de escolas exigidas pela OCDE é 150;
*A prova é aplicada em um único dia, é feita em computadores, e tem duas horas de duração. As questões são objetivas e discursivas;
·   *A cada edição, uma das três disciplinas principais é o foco da avaliação – na edição de 2018, o foco é na leitura;
·   *Brasil participou de todas as edições do Pisa desde sua criação, em 2000, mas continua muito abaixo da pontuação de países desenvolvidos e da média de países da OCDE, considerada uma referência na qualidade de educação.
Em outubro, o diretor de educação da OCDE, Andreas Schleicher, deu uma entrevista ao programa Milênio, da GloboNews, para falar sobre o Pisa. 





terça-feira, 15 de outubro de 2019


Cresce a participação da educação a distância entre o total de bolsas do Prouni para futuros professores
Movimento Todos Pela Educação critica concentração de alunos em cursos de baixa qualidade. 'Não se forma um bom professor em curso teórico e a distância', diz especialista.
Por Elida Oliveira, G1
15/10/2019 06h00  Atualizado há 7 horas
Bolsas do Prouni para formação de professores crescem 53% em oito anos

Os futuros professores do Brasil estão recorrendo cada vez mais a bolsas de estudo para a formação a distância para conseguirem se tornar docentes. Em oito anos, cresceu 53% o total de bolsas concedidas pelo Programa Universidade para Todos (Prouni) para calouros de cursos voltados à docência, como pedagogia e outras licenciaturas (veja a lista abaixo).
O índice é puxado principalmente pela educação a distância (EAD), opção de 67% dos calouros destas áreas, em 2018. No entanto, a maior parte destes alunos (58,5%) está em cursos com baixo índice de avaliação.
Os dados fazem parte do relatório “Expansão do Prouni EAD na Formação Inicial do Docente”, feito pelo Movimento Todos pela Educação com dados do governo, e divulgado com exclusividade pelo G1 e GloboNews nesta terça-feira (15).
Prouni foi criado em 2004 para dar bolsas de estudos a estudantes de graduação em instituições privadas de ensino superior.
Já outra modalidade de apoio mantida pelo MEC, o Financiamento Estudantil (Fies), tem caído no mesmo período. Ele oferece financiamento das mensalidades, mediante juros, e é voltado a cursos presenciais.
"O ato de ensinar precisa de observações reais, de práticas de ensino, de discussões sobre como ensinar. Não se forma um bom professor em curso teórico e a distância. Em relação às bolsas do Prouni, é fundamental que elas sejam voltadas a cursos presenciais e de alta qualidade", afirma Gabriel Corrêa, gerente de políticas educacionais do Todos pela Educação.
Procurado, o Ministério da Educação (MEC) afirmou que a lei do Prouni obriga a instituição de ensino a "conceder bolsas em todos os seus cursos/turnos" e, como houve expansão nas vagas de EAD, "isso se reflete no Prouni".
Além disso, a pasta lembrou que os resultados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de 2018 mostram que "não houve queda na qualidade da educação nos cursos de Ensino a Distância" (leia a íntegra da nota no fim da reportagem).
Na edição de 2018 do Enade, só 3,3% dos cursos de faculdades privadas conseguiram atingir o conceito máximo.
Considerando todos os 8.520 cursos, menos de 6% destes cursos tiveram conceito 5, percentual semelhante ao registrado nos cursos avaliados em 2017.
Estudante universitário estudo lápis caderno escola universidade — Foto: Green Chameleon/Unsplash
Ajuda financeira a futuros professores
Em 2018, 16,2% dos bolsistas do Prouni eram de cursos voltados à formação de professores, o que representa 26,9 mil bolsas -- 53% a mais do que em 2010, quando eram 17,6 mil.
Os cursos voltados à carreira docente são:
·         artes
·         ciências/biologia
·         educação física
·         ensino religioso
·         filosofia
·         física
·         geografia
·         história
·         língua estrangeira
·         língua portuguesa
·         matemática
·         pedagogia
·         química
·         sociologia




Infográfico mostra a evolução no número de alunos com bolsa Prouni em cursos voltados à docência, de 2010 a 2018 — Foto: Elida Oliveira/G1

Já entre os financiados pelo Fies, 3,4% dos universitários que queriam se tornar professores recorreram a esta modalidade em 2018, ou 2 mil pessoas.
De 2010 a 2013, o financiamento via Fies vinha crescendo em relação ao Prouni, mas a partir desta data, os números mostram o crescimento maior entre as bolsas de estudo em detrimento dos financiamentos de mensalidades.



Gráfico mostra a evolução dos financiamentos nas modalidades Fies e Prouni em cursos voltados à docência, de 2010 a 2018 — Foto: Elida Oliveira/G1

Ensino a distância para quem vai ensinar

A formação a distância foi a opção de 67% dos bolsistas do Prouni em cursos voltados à docência, em 2018: havia 17.992 bolsistas na formação EAD contra 8.986 bolsistas do Prouni nos cursos presenciais. O índice era de 61% em 2017. Nos demais cursos, a EAD foi a opção de 25% dos bolsistas.


Infográfico mostra a evolução dos bolsistas do Prouni em cursos de docência na modalidade a distância e em cursos presenciais — Foto: Elida Oliveira/G1

Cursos com baixo índice de avaliação

De acordo com os dados do Todos pela Educação, mais da metade dos calouros com bolsas do Prouni voltadas à docência estão matriculados em cursos com baixo índice de avaliação.
A qualidade do ensino superior no país é medida pelo Conceito Preliminar de Curso (CPC), calculado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao MEC. As notas vão de 1 a 5. Quanto melhor o curso, mais alta a nota.
Os dados mostram que 58,5% dos estudantes que ingressaram na carreira docente com bolsa do Prouni em 2018 se matricularam em um curso com nota igual ou inferior a 3. Na modalidade a distância, o índice é de 43,6%.
"Isso mostra que a expansão da EAD está ligada ao Prouni, que deveria financiar cursos com boa avaliação e presenciais", afirma Corrêa.



Infográfico mostra a porcentagem de bolsistas do Prouni em cursos de graduação, conforme a avaliação do MEC — Foto: Elida Oliveira/G1

Expansão da EAD no ensino superior
O número de vagas ofertadas pelo ensino superior a distância superou em 2018, pela primeira vez, o número de oportunidades em cursos presenciais. No ano passado, foram 7.170.567 vagas remotas contra 6.358.534 vagas locais, respectivamente. O dado é do Censo do Ensino Superior, divulgado em setembro pelo MEC.
Apesar disso, a rede presencial ainda recebeu mais alunos novos, em 2018, que a rede a distância. Segundo o censo, foram 2.072.614 matrículas em vagas presenciais (28,9% do total ofertado), e 1.373.321 nas vagas à distância (21,5% do total ofertado).

Financiamento em outros cursos

As bolsas do Prouni para calouros em outros cursos, que não são voltados à docência, teve aumento de 71% entre 2010 e 2018.
Infográfico mostra o número de bolsistas do Prouni de 2010 a 2018, período que teve alta de 71% nos beneficiados em cursos que não são voltados à docência — Foto: Elida Oliveira/G1

Íntegra da nota do Ministério da Educação

"De acordo com o Art. 5º da Lei 11.096 de 13 de janeiro de 2005, que institui o Programa Universidade para Todos (Prouni), a instituição é obrigada a conceder bolsas em todos os seus cursos/turnos.
Como ocorre uma expansão de vagas ofertadas em EAD em todo o país nos últimos anos, isso se reflete no Prouni. De acordo com o levantamento do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de 2018, não houve queda na qualidade da educação nos cursos de Ensino a Distância.
Na edição de 2018 do Enade, 8.821 cursos foram avaliados de um total de 1.791 instituições de educação superior públicas (227) e privadas (1.564), nas modalidades presencial e a distância. Nesse caso, 21% dos cursos presenciais e 10% a distância tiveram conhecimentos agregados para além do projetado."
Fonte: G1 acessado em 15 de outubro de 2019

quarta-feira, 11 de março de 2015

Taxas de Rendimento escolar (2013)

Taxas de Rendimento (2013)

Conheça a proporção de alunos com reprovação ou abandono em 2013 segundo indicadores do INEP.
 
  2013Públicas e particulares  Urbanas e rurais
Etapa Escolar             Reprovação                         Abandono                     Aprovação
Anos Iniciais            6,1% 958.448 reprovações 1,2% 186.674 abandonos 92,7% 14.619.806 aprovações
Anos Finais           11,3% 1.504.238 reprovações 3,6% 473.435 abandonos 85,1% 11.326.684 aprovações
Ensino Médio           11,9% 977.412 reprovações 8,1% 659.493 abandonos 80,0% 6.552.501 aprovações
Porcentagem de alunos (%)Taxa de Rendimento por Etapa EscolarAprovaçãoAbandonoReprovaçãoanoEFanoEFanoEFanoEFanoEFanoEFanoEFanoEFanoEFanoEManoEManoEM0100255075Highcharts.com

                   Detalhamento por ano escolar

Anos Iniciais  Reprovação Abandono Aprovação
1º ano EF 1,5% 43.803 reprovações 1,1% 32.123 abandonos 97,4% 2.844.272 aprovações
2º ano EF 3,3% 99.856 reprovações 0,9% 27.234 abandonos 95,8% 2.898.850 aprovações
3º ano EF 10,3% 347.780 reprovações 1,2% 40.518 abandonos 88,5% 2.988.201 aprovações
4º ano EF 7,2% 236.033 reprovações 1,2% 39.339 abandonos 91,6% 3.002.856 aprovações
5º ano EF 7,3% 230.977 reprovações 1,5% 47.461 abandonos 91,2% 2.885.629 aprovações
Anos Finais  Reprovação Abandono Aprovação
6º ano EF 14,0% 510.813 reprovações 3,8% 138.650 abandonos 82,2% 2.999.199 aprovações
7º ano EF 12,0% 408.744 reprovações 3,5% 119.217 abandonos 84,5% 2.878.235 aprovações
8º ano EF 9,8% 310.071 reprovações 3,4% 107.576 abandonos 86,8% 2.746.337 aprovações
9º ano EF 8,9% 274.612 reprovações 3,5% 107.994 abandonos 87,6% 2.702.914 aprovações
Ensino Médio Reprovação Abandono Aprovação
1º ano EM 16,7% 560.935 reprovações 10,1% 339.248 abandonos 73,2% 2.458.709 aprovações
2º ano EM 10,5% 274.854 reprovações 7,5% 196.324 abandonos 82,0% 2.146.475 aprovações
3º ano EM 6,4% 141.624 reprovações 5,6% 123.921 abandonos 88,0% 1.947.318 aprovações
Fonte: Censo Escolar 2013, Inep. Organizado por Meritt. Classificação não oficial.